domingo, 19 de junho de 2011
O SURREALISMO EM PORTUGAL
Foi este o título da douta conferência proferida pelo Dr. António Gonçalves na Fundação Cupertino de Miranda – Famalicão, integrada no ciclo (Re)encontros com a História da Arte.
O Dr. António Gonçalves começou por contextualizar a emergência internacional do Surrealismo nos anos 20, as suas temáticas, a sua «busca da pureza» (daí a sua relação com os loucos, a arte primitiva e o universo infantil) e afirmação da «liberdade do indivíduo», a sua difusão mundial a partir de Paris nos anos 30/40.
De seguida analisou o impacto do Surrealismo Portugal, desde as primeiras obras de pendor surrealista de Júlio (Reis Pereira), irmão de José Régio, passando pela criação e acesas divergências dos dois grupos surrealistas nos anos 40 e sua permanência até à actualidade.
Contextualizou depois o surgimento do Centro de Estudos do Surrealismo em 1999, com o empenho de Bernardo Pinto de Almeida e do Professor Perfecto Quadrado grande especialista do Surrealismo. Salientou a importância do Centro para a inventariação, reconhecimento e reavaliação dos inúmeros e ricos materiais do espólio da Fundação, bem como para a pesquisa, recolha e divulgação da obra dos artistas surrealistas, incluindo a de alguns pouco conhecidos, como Risques Pereira ou Carlos Eurico Costa.
Passou em revista as inúmeras exposições organizadas pelo Centro no espaço da Fundação ou noutros museus ou galerias, com destaque para uma mais abrangente realizada na Cordoaria Nacional – Lisboa ou no museu de Penafiel sobre Eurico Gonçalves. Relevou ainda a acção do Centro na recolha do espólio de alguns artistas e criação dos espaços Mário Cesariny e Fernando Lemos na Fundação.
Particularmente interessante e comovente o de Mário Cesariny que nos mostra como o(s) espaço(s) onde vivia, povoado(s) de inúmeros e insólitos objectos, era(m), uma escultura viva em constante mutação. Referiu ainda a actividade editorial da Fundação e a Biblioteca especializada na temática surrealista.
A magnífica lição, sempre apoiada em elucidativas imagens, terminou com visita guiada aos espaços atrás referidos e à exposição «Cadavre-exquis» patente no Museu. Momento importante para, aliando teoria e prática, compreender o significado destas obras colectivas inspiradas em jogos em que alguém desenha ou escreve uma parte deixando pontos de ligação para outro prosseguir (a primeira experiência surgida em Paris em 1925 com palavras que originaram a frase «Le cadavre exquis boira le vin nouveau» que muito agradou a Jacques Prévert e haveria de dar nome a obras com estas características).
Incidindo a sua atenção sobre algumas das obras exibidas, O Dr. António Gonçalves mostrou diferentes tipos de cadavre-exquis, salientou o carácter aleatório de alguns e a unidade formal de outros, chamou à atenção para as diferentes técnicas e materiais utilizados e número de artistas envolvidos.
A terminar, o Dr. António Gonçalves apelou aos professores para que trouxessem os alunos a exposições do Museu que se vão renovando porque, afirmou, «as instituições não podem estar viradas para si próprias, têm de estar permanentemente viradas e ao serviço do exterior».
quinta-feira, 9 de junho de 2011
Júlio Resende: Gondomarense de coração
O meu logótipo nas redes sociais é uma das pinturas com que Júlio Resende interiorizou o rio Douro, largo, luminoso, cheio de contrastes, de leitos largos e altas penedias. Identifico-me com este cenário e revejo-me em muita da pintura de Júlio Resende. Gosto das suas cores quentes dos espaços longínquos que me fazem lembrar viagens que não fiz. Admiro, também, as personagens a quem dá vida, que vivem, sofrem e amam , das cores difusas que entristecem, e, além do mais, da depuração pura do génio.
Quem sou eu para fazer esta apreciação? Ninguém. Apenas um ser humano que tem direito a fruir a arte e em apropriar-se dela para ser feliz.
Por estas razões resolvi partilhar um trabalho, certamente muito incompleto, muito pessoal sobre o Mestre. É nesta mesma perspectiva que me atrevo a mostrá-lo. Terá algum valor para alguém?
Para mim é o reencontro com a pessoa Júlio Resende, um acto de amor com a sua arte. Nada mais.
quinta-feira, 2 de junho de 2011
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